Sumários

12ª Aula Prática

22 maio 2017, 10:00 Ricardo Coutinho

Discussão e resolução de exercícios; ficha "Curvas e integrais de linha" e ficha "Variedades. Espaço Tangente. Espaço Normal".


47ª Aula - Revisão: para um campo C1 ser gradiante é necessário que seja fechado, mas não é suficiente; ilustração com um exemplo concreto e identificação de subconjuntos em que o campo é gradiante. Definição de conjunto em estrela. Em subconjuntos abertos em estrela de Rn um campo vectorial C1 é gradiante se e só se é fechado. Revisão da definição de variedade-m em ℝn (1≤m≤n) e descrição local de 3 modos: parametrizações (ou sistemas de coordenadas), gráficos de funções, equações cartesianas.

22 maio 2017, 09:00 Luis Magalhães

Revisão: 
Definição: Diz-se que  f:S→ℝn é fechado em S⊂ℝn aberto se as derivadas parciais de f=(f1,...,fn) existem e satisfazem Djfi=Difj em S para i,j=1,...,n , ou seja se a matriz jacobiana Df existe e é simétrica em S . 
Proposição: Para  f:S→ℝn C1 num conjunto aberto S⊂ℝn ser gradiante em S é necessário que seja fechado em S . (dem.: aplicar o lema de Schwarz a f=∇φ ). 
Esta condição não é suficiente, mesmo que S seja conexo. Exemplo: Campo vectorial fechado em S⊂ℝn aberto conexo que não é gradiante ( f:S→ℝ2, com S=ℝ2\{(0,0)} , tal que ||f(x,y)||=1/||(x,y)|| e f(x,y)⊥(x,y) , i.e. f(x,y) = (1/||(x,y)||2)(-y,x) . O integral de f sobre cada caminho regular simples que descreve um circunferência com centro na origem no sentido antihorário em relação à origem é 2π≠0 , logo, f não é conservativo em S=ℝ2\{(0,0) mas com θ(x,y) o ângulo polar de (x,y) é f=∇θ em T=ℝ2\{(x,0): x>0} embora não fora deste conjunto pois  θ é descontínua e, consequentemente, não tem gradiante nesses pontos.  θ C em T , pelo que é um campo fechado em T , e com θ*(x,y)=arctan(y/x) é f=∇θ* em T*={(x,y): x>0, y∈ℝ} com θ C em T*, pelo que f é um campo fechado em T*; logo, é um campo C fechado em S que não é gradiante em S, pois se fosse do TFC seria conservativo. 

Observações: 
(1) O que é essencial neste exemplo é que existem curvas fechadas que limitam uma parte do plano em que nem todos os pontos pertencem ao conjunto em que o campo vectorial C1 é fechado. Retirando ao conjunto uma semirecta com extremidade na origem ou, em alternativa, qualquer outra curva simples que comece na origem e vá para ∞ já se obtém um conjunto em que f é gradiante.
(2) Interessa ter condições em conjuntos conexos que garantam que um campo C1 fechado é gradiante (logo, conservativo). Ver-se-á depois do TFC para integrais múltiplos que tal pode ser assegurado em subconjuntos de ℝ2 tais que não pode acontecer o que se referiu na observação anterior relativamente ao aspecto essencial do exemplo, mas podemos dar uma condição mais forte no conjunto que assegura equivalência entre um campo C1 ser fechado e gradiante 

Definição: Diz-se que S⊂ℝn é um conjunto em estrela se existe p∈S tal que os segmentos de recta com uma extremidade p e outra extremidade em qualquer outro ponto de S estão contidos em S .

Observação: Os conjuntos convexos são conjuntos em estrela, mas há conjuntos em estrela não convexos.

Proposição: Se S⊂ℝn é um conjunto aberto em estrela e  f:S→ℝn é C1, então: f é gradiante em S ⇔ f é fechado em S . (dem.: considerar a função candidata a potencial φ com valor φ(x)=∫pxdg em que g é um caminho regular simples que descreve o segmento de recta de p a x , calcular ∇φ susando a regra de Leibniz, a regra da cadeia, f ser fechado e o TFC para integrais simples, para verificar que ∇φ=).

Revisão:
3 modos equivalentes de descrever variedades-m em ℝn localmente: ∅≠M⊂ℝn variedade-m em ℝn (1≤m≤n) Ck (k∈ℕ) se ∀ a∈M ∃ U⊂ℝn aberto com a∈U tal que:
(1) parametrizações (ou sistemas de coordenadas): M∩U=g(V) , com g:V→ℝn homeomorfismo Ck em V⊂ℝm aberto com rank Dg=m.
(2) gráficos de funções: M∩U=G(f) a menos de permutação de coordenadas, com f:V'→ℝn-m  Ck em V'⊂ℝm aberto .
(3) equações cartesianas: M∩U=F-1({0}) , com F:U→ℝn-m Ck em U com rank DF=n-m .


Exercícios da Ficha 9.

19 maio 2017, 12:30 Manuel Paulo de Oliveira Ricou

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11ª Aula Prática

19 maio 2017, 12:30 Ricardo Coutinho

Discussão e resolução de exercícios; ficha "Integrabilidade e convergência".


46ª Aula - Definição e notações de integral de campo escalar em subconjunto de vizinhança de coordenadas de variedade-m em ℝn. Referência a matriz de Gram das derivadas parciais de parametrização e utilização para cálculo de integrais em variedades-m. Casos particulares de cálculo de volumes-m de parelelepípedos-m em ℝn, definição de mensurabilidade e volume-m de tais conjuntos. Exemplos de cálculo de áreas de casos concretos de superfícies em ℝ3 com só uma parametrização a menos de conjunto de medida nula. Fórmula para volume-m de gráfico de campo escalar definido em subconjunto aberto de ℝm.

19 maio 2017, 11:30 Luis Magalhães

Observação: A definição de integral de um campo escalar numa vizinhança de coordenadas de uma variedade-m em ℝn  é análoga à de intgeral de linha de campo escalar em caminho regular simples.

Definição: Chama-se integral de campo escalar f definido em subconjunto C de vizinhança de coordenadas de variedade-m M em ℝparametrizada por g a  ∫f = ∫g-1(C) (f∘g) Vm(D1g, ..., Dmg) se o integral existe e é finito, caso em que se diz que f é integrável em C , em que Vm(D1g, ..., Dmg) designa o volume (m-dimensional) do paralelepípedo-m com arestas D1g, ..., Dmg .

Notações: Usam-se as notações,  ∫f ,  ∫f dV,  ∫f(x) dVm(x) ,  ∫f dV ,  ∫f(x) dV(x) . Em ℝ3 usa-se para m=1, como anteriormente com integrais de linha, ∫f ds ou ∫f (x,y,z) ds , e para m=2  ∫f dS , ∫f (x,y,z) dS , ∫f (x,y,z) dV.

Observações: 
(1) Devido à regra de derivação da função composta e ao teorema de mudança de variáveis de integração estas definições dão o mesmo resultado para qualquer parametrização.
(2) Aplicações de integrais em vizinhanças de coordenadas de variedades-m em ℝn, como nos casos particulares de variedades-1 (integrais de linha em curvas regulares simples homeomorfas a um intervalo aberto de ℝ ) e de variedades-n (integrais múltiplos em subconjuntos abertos de ℝn ) são a grandezas para subconjuntos de variedades-m a partir das respectivas densidades e conceitos associados, a volumes-m de subconjuntos de variedades-m , e em ℝcomo no caso particular de variedades-1 a trabalho de campo vectorial a fluxo de campo vectorial através de subconjunto de variedade-2 (uma superfície) definido por ∫f·n , em que n é o campo vectorial que em cada ponto de C dá uma normal unitária a C nesse ponto contínua (se f é um campo de velocidades, o fluxo dá a quantidade de matéria que passa através da superfície S por unidade de tempo).
(3) Se A é matriz mxn com linhas que são as componentes dos vectores D1g(t), ..., Dmg(t) na base canónica de ℝn e B é a matriz mxm com linhas que são as componentes dos mesmos vectores numa base ortonormal do subespaço linear de ℝn gerado por esses vectores, sabe-se de Álgebra Linear que Vm(D1g(t), ..., Dmg(t)) = | det B | . Vm(D1g(t), ..., Dmg(t)) = (det [Dig(t)·Djg(t)]i,j)1/2, em que [Dig(t)·Djg(t)]i,j  é a matriz de Gram dos vectores D1g(t), ..., Dmg(t) . 

Casos particulares de Vm(D1g(t), ... , Dmg(t)) :
(1) (para integrais de linha em ℝn) :  V1(g'(t))=||g'(t)|| .
(2) (para integrais de superfície em ℝn) :  V2(D1g(t), D2g(t)) = (det  [Dig(t) · Djg(t) ]i,j=1,2 )1/2= (EG-F2)1/2, com E=||D1g(t)||2, F=D1g(t) · D2g(t) , G=||D2g(t)||2.
(3) (para integrais de superfície em ℝ3) : também V2(D1g(t), D2g(t)) = || D1g(t) x D2g(t) || = || ∑i=1,2,3 (-1)i+1det Ai ei || , em que Ai é a submatriz obtida suprimindo a coluna i à matriz A cujas colunas são as componentes na base canónica de cada um dos vectores D1g(t), D2g(t)∈ℝ3.
(4) (para integrais de hipersuperficies, i.e.variedades-(n-1), em ℝn)  Vn-1(D1g(t), ... , Dn-1g(t)) = || ∑i=1,...,n (-1)i+1det Ai ei  || , Ai como em (c) com as colunas de A com as componentes na base canónica de cada um dos vectores D1g(t), ... , Dn-1g(t) .
(5) (para integrais múltiplos em ℝn):  Vn(D1g(t), ... , Dng(t)) = | det Dg | .

Definição: Chama-se volume-m ou medida de subconjunto S de vizinhança de coordenadas de variedade-m M em ℝ parametrizada por g a   ∫S1  se o integral existe e é finito, e diz-se então que S é mensurável. 

Exemplos: Cálculo de áreas de casos concretos de superfícies que admitem uma parametrização a menos de conjunto de medida nula. (superfície de um cilindro, superfície esférica em ℝ)

Proposição: O volume-m do gráfico de função C1 f:S→ℝ, com S⊂ℝn, é Vm(S) = ∫(1+||∇f||2)1/2.