Breve Introdução

O enquadramento legal que regulamenta a implementação do Processo de Bolonha associado às exigências que são impostas para o acesso ao exercício da actividade profissional e à história, missão e prestígio, nacional e internacional, do Instituto Superior Técnico, determinaram que a formação superior ministrada pelo IST no domínio da engenharia civil fosse organizada em 10 semestres curriculares de trabalho, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu, adoptando um modelo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre.

O Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos do IST (DECivil) acumula a experiência de várias décadas de empenhamento em actividades de ensino, investigação e desenvolvimento ao mais alto nível. A diversidade de competências intrínsecas a um corpo docente próprio qualificado, numeroso, exclusivamente constituído por titulares do grau de doutor e a qualidade dos alunos que ingressam no curso, associadas à qualidade e variedade das instaalções e equipamentos experimentais que se encontram instalados nos seus laboratórios, conferem a capacidade para ministrar um ensino de elevada qualidade. Uma das características do curriculum de engenharia civil corresponde à existência de um tronco comum bastante alargado, o que visa conferir uma formação abrangente a todos os futuros mestres em engenharia civil, seguindo-se cinco áreas de especialização que representam as áreas de atividade mais comuns na engenharia civil moderna.


Historial

Por decreto de 23 de Maio de 1911 foi definido o elenco de cadeiras do curso geral e do curso especial de Engenharia Civil do IST, instituído desde a fundação da escola. O número semanal de horas de aula era em média de 37, destinando-se cerca de 2/3 a aulas práticas. No ano de 1919/1920, o curso geral já fora aumentado de um ano e, portanto, a duração total de qualquer dos cursos do IST passou a ser de seis anos. O elenco das cadeiras do curso de Engenharia Civil de 1919/1920 manteve-se até 1955 sem alterações significativas. A reforma instituída pelo decreto 40378 de 14 de Setembro de 1955 manteve os seis anos do curso e o regime de funcionamento anual. Reduziu, porém, substancialmente a duração semanal das aulas: de mais de 40h para cerca de 30h. O elenco das cadeiras foi alterado, merecendo realce a introdução, para todos os cursos, da cadeira de Probabilidades, Erros e Estatística e da de Cálculo Numérico e, para o curso de Engenharia Civil, da de Mecânica dos Solos, que entretanto se afirmara como ciência aplicada. Na área científica da economia, sociologia e administração, passam a existir três cadeiras: Sociologia Geral, Economia e Organização e Administração. Muito posteriormente, o decreto 540/70 determinou a actualização dos planos de estudo de engenharia nas Universidades portuguesas, com redução da licenciatura para cinco anos, instituição do regime semestral e criação de disciplinas opcionais (a designação de disciplina substitui a de cadeira). O curso de Engenharia Civil passou a ter no último ano três ramos: Estruturas, Hidráulica e Urbanização. Para todos os cursos do IST é introduzida a disciplina de Computadores e, para o curso de Engenharia Civil, é criada uma nova disciplina obrigatória: Investigação Operacional. Foi introduzida como optativa a disciplina de Mecânica das Rochas, então ainda praticamente ausente dos programas das escolas de engenharia. O plano de estudos de 1970 manteve-se em vigor até 1983, data em que é aprovada uma reestruturação que pretende fortalecer a formação generalista do engenheiro civil, abolindo os ramos, e tornando obrigatórias para todos os engenheiros civis as disciplinas de Processos Gerais de Construção, Edificações, Organização de Estaleiros, Arquitectura, Hidráulica Aplicada, Transportes e Planeamento Regional e Urbano. Este plano de estudos contemplava a existência, no 2º semestre do 5º ano, de um conjunto de 3 disciplinas escolhidas de um leque de 32. Procurava-se deste modo abrir, no último semestre da licenciatura, o leque de opções, após um forte tronco comum. Cedo se verificou que, numa época em que a actividade do engenheiro civil necessita de abarcar conhecimentos especializados em diferentes áreas, o número de disciplinas optativas era muito reduzido e que a estrutura adoptada nas opções não permitia uma especialização coerente. Deste modo, a revisão do plano de estudos operada em 1988, procurou corrigir estas lacunas, sem perder de vista a opção por um tronco comum forte para todos os engenheiros civis. Este tronco comum era complementado por um conjunto de opções coerente, agrupado em perfis, com início no 2º semestre do 4º ano. Foram contemplados 5 perfis distintos: Estruturas e Construção, Hidráulica e Recursos Hídricos, Planeamento Territorial e Transportes, Engenharia Municipal e Ambiente e Geotecnia. Entre 1988 e 1996 foram feitos pequenos ajustes nos planos de estudo, a maior parte dos quais tendo como objectivo a redução da carga horária semanal, tendo em 1995 sido iniciado um processo de reavaliação curricular, o qual deu origem ao Curriculum 2000 introduzido a partir do ano lectivo de 1996/97 e que entrou em pleno funcionamento em 1998/99, tendo sido recentemente adequado ao formato decorrente da implementação do Processo de Bolonha.

Em 2016 procedeu-se a uma reestruturação do currículo, marcada pela oferta de diferentes UC (Unidades Curriculares, anteriores "disciplinas" ou "cadeiras") em regime semestral puro, pela racionalização das UC obrigatórias e opcionais dentro das 5 áreas de especialização e pela concentração de UC no 1º semestre do 5º ano, libertando integralmente o 2º semestre para a realização da dissertação (que poderia assim mais facilmente ser realizada em ambiente empresarial).

Objectivos

A Engenharia Civil tem como principal finalidade a concepção, o projecto e a exploração de sistemas que, efectuando o aproveitamento dos recursos naturais, permitam a sua adequada utilização pela população, com especial ênfase na melhoria da sua qualidade de vida.

Matérias tão vastas como a Mecânica dos Materiais, a Hidráulica e a Engenharia de Sistemas, fazem parte da formação do Engenheiro Civil, tornando-o um profissional muito polivalente e possibilitando-lhe a actuação em sectores diversificados e, por vezes, até complementares, como sejam:

  • a concepção, o projecto, a construção e a manutenção de edifícios e pontes,
  • obras hidráulicas e de aproveitamento de recursos hídricos e ambientais,
  • transportes, sistemas e Infra-estruturas,

numa perspectiva de uma adequada gestão urbanística e ambiental.

A engenharia civil é uma actividade profissional regulamentada pela Ordem dos Engenheiros que se consubstancia na aplicação de conhecimentos teóricos, práticos e experimentais, enquadrados por constrangimentos de natureza económica, ambiental, social e ética.

Destinatários

A reforma do ensino secundário entrou em vigor no ano lectivo de 2004/2005 e encontra-se regulamentada no decreto-lei nº 74/2004 de 26 de Março. O IST, na sequência da entrada em vigor desta reforma, decidiu estabelecer quais as provas de ingresso que serão exigidas para o acesso aos diferentes cursos. Este procedimento acabou por determinar quais os exames nacionais que devem ser realizados no ensino secundário e quais os cursos do ensino secundário que deverão ser frequentados pelos alunos que são potenciais candidatos a frequentar cursos do IST. Neste sentido, os alunos do ensino secundário que são potenciais candidatos a frequentar o curso de engenharia civil do IST devem ser provenientes dos cursos cientifico-humanísticos de ciências e tecnologias. Estes cursos do ensino secundário possuem 3 anos de formação em Matemática A e 2 anos de formação específica em Física e Química que podem eventualmente, e desejavelmente, ser complementados com um ano de formação opcional em Física (12º ano) ou Química (12º ano). Os alunos destes cursos possuem igualmente 2 anos de formação específica em Geometria Descritiva ou Biologia e Geologia ou Aplicações Informáticas, 1 ano de formação em Técnicas de Informação e Comunicação, 3 anos de formação em Língua Portuguesa e numa língua estrangeira (geralmente Inglês) e 2 anos de formação em Filosofia.

Saídas Profissionais

Os engenheiros civis formados no IST têm grande facilidade em integrar-se no mercado de trabalho, uma vez que as entidades empregadoras continuam a procurar nesta formação superior as boas qualidades sistematicamente demonstradas ao longo dos tempos pelos seus profissionais.

O mercado de trabalho é extremamente diversificado merecendo destaque:

  • os gabinetes de projecto;

  • as diversas indústrias ligadas ao sector da construção;

  • as empresas de infra-estruturas (água, saneamento, electricidade, gás, redes viárias);

  • os organismos da administração central, regional e municipal;

  • as actividades de manutenção e gestão de operações;

  • as tarefas de avaliação de projectos e consultoria em empresas de serviços (bancos e seguradoras);

  • as actividades técnico-comerciais;

  • os laboratórios de investigação e de desenvolvimento industrial.

No exercício da sua profissão os engenheiros civis intervêm especificamente nas seguintes actividades: - Projectos de estruturas; - Projectos de geotecnia e de modelação do terreno; - Projectos de sistemas e redes de águas, saneamento e resíduos sólidos; - Projectos de intervenções em construções existentes. - Projectos de demolição e reciclagem dos resíduos de construção e demolição; - Projectos de vias de comunicação e de transportes; - Projectos de hidráulica fluvial e marítima; - Direcção de obras; - Fiscalização de obras; - Produção de materiais e componentes e desenvolvimento de processos da construção; - Gestão da qualidade e da segurança no trabalho da construção; - Manutenção de empreendimentos; - Avaliação do património e da propriedade.

 

Regime de Funcionamento

O Mestrado Integrado em Engenharia Civil (MEC) funciona em regime semestral, com um número médio de 6 unidades curriculares por semestre e uma duração total de 10 semestres. É constituído por unidades curriculares de Ciências Básicas, Ciências de Engenharia, Ciências da Especialidade, Competências Transversais e por uma Dissertação/Projecto de Mestrado com características integradoras e/ou de investigação, a ser elaborada durante os dois últimos semestres, embora fundamentalmente no último. O MEC possui um tronco comum constituído por 45 unidades curriculares que se estendem ao longo dos primeiros 8 semestres, complementado por 5 áreas de especialização constituídas por unidades curriculares específicas de natureza obrigatória e opcional: Construção; Estruturas; Hidráulica e Recursos Hídricos; Urbanismo, Transportes e Sistemas; Geotecnia. O título de Licenciado em Ciências de Engenharia - Engenharia Civil, concedido após a conclusão do 1º ciclo do curso de Engenharia Civil, que corresponde aos primeiros 6 semestres curriculares, não é habilitante para o exercício da profissão de engenheiro, nomeadamente para tarefas de concepção e projecto. Este título comprova apenas uma sólida formação em ciências básicas e em ciências de engenharia civil e destina-se essencialmente a facilitar a mobilidade dos alunos no espaço Europeu de ensino superior.

Publicações Oficiais

2024-03-15 (Extinção do CE) Despacho n.º 2824/2024, DR n.º 54, II Série, de 15/03
2019-03-07 [A3ES] Processo n.º ACEF/1718/0106827 | Decisão do CA (acreditado por 6 anos, a partir de 31/07/2018)
2018-03-19 [A3ES] Processo n.º ACEF/1718/0106827 | Guião para a auto-avaliação
2017-04-06 Despacho n.º 2885/2017, DR n.º 69, II Série, de 06/04, Pág. 6446 a 6453 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2016-09-30 [DGES] Registo de alteração n.º R/A -Ef 3479/2011/AL02
2014-09-03 Despacho n.º 11167/2014, DR n.º 169, II Série, de 03/09, Pág. 22845 a 22852 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2014-07-16 [DGES] Registo de alteração n.º R/A -Ef 3479/2011/AL01
2013-09-26 [A3ES] Processo n.º ACEF/1112/0106827 | Decisão do CA (acreditado por 6 anos)
2012-11-28 Despacho n.º 15271/2012, DR n.º 230, II Série, de 28/11, Pág. 38215 a 38223 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2012-04-30 [A3ES] Processo n.º ACEF/1112/0106827 | Guião para a auto-avaliação
2012-02-28 Despacho n.º 2934/2012, DR n.º 42, II Série, de 28/02, Pág. 7241 a 7249 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2011-12-12 [A3ES] Processo n.º CEF/0910/06827 | Decisão do CA (acreditado preliminarmente)
2011-03-18 [DGES] Registo inicial n.º R/A-Ef 3479/2011
2010-12-30 Despacho n.º 19345/2010, DR n.º 252, II Série, de 30/12, Pág. 63380 a 63388 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2010-03-24 [A3ES] Processo n.º CEF/0910/06827 | Caracterização do ciclo de estudos
2009-08-12 Despacho n.º 18674/2009, DR n.º 155, II Série, de 12/08, Pág. 32387 a 32397 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Urbanismo, Transportes e Sistemas
2008-10-01 Despacho n.º 24608/2008, DR n.º 190, II Série, de 01/10, Pág. 40892 a 40903 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Transportes, Sistemas e Infra-estruturas
2007-01-24 Despacho n.º 1195/2007, DR n.º 17, II Série, de 24/01, Pág. 1960 a 1971 Área de Especialização em Estruturas, Área de Especialização em Construção, Área de Especialização em Geotecnia, Área de Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos, Área de Especialização em Transportes, Sistemas e Infra-estruturas
2006-06-27 [DGES] Registo de adequação n.º R/B — AD-618/2006

Coordenadores

2020/2021
António Pinto da Costa
antonio.pinto.da.costa@tecnico.ulisboa.pt

A informação contida nesta página é da responsabilidade da equipa de coordenação do curso.